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sexta-feira, 25 de maio de 2018

Há dias #2

Apercebi-me que nunca estamos preparados para cuidar dos nossos pais. Os nossos pais...

Os nossos pais, regra geral, são aquela espécie de super herói em versão mais real. Uma versão do superhomem com defeitos, ainda que com poderes mágicos, são seres que estão ali para cuidar de nós, para nos ajudar a resolver problemas, para nos amparar.

O meu superhomem, com todos os defeitos que tem, é o meu superhomem. Quando não está bem, parece que fica pequenino. Perdeu peso, tem os braços fininhos e quando ninguém está a ver tem um olhar triste. Tem uma força de leão, de superhomem, que o faz ter vontade de lutar por uma vida que ele sabe que é fugaz, ele sabe que ela está a fugir.

Quando pensa que ninguém está a ver o olhar fica vazio, triste, sem esperança. Não há esperança de uma cura, disso já sabemos, não há esperança de um milagre, há apenas esperança de conseguir viver, o máximo tempo possível, com o cancro. Nós sabemos, eu e ele, que só vale a pena lutar enquanto houver qualidade de vida, enquanto não for só uma vida de sofrimento, de dificuldades respiratórias, de inferno.

Eu ontem pedi ao universo, porque nunca sei bem a quem pedir, que quando acabasse o tempo com alguma qualidade de vida, que quando fosse para ficar em sofrimento, que o levassem rapidamente e sem sofrimento, para ele claro, porque para nós, para mim, será uma espécie de fim de mundo.

E é assim, que de repente, isso vira um blog depressivo - desculpem-me. Vou voltar, vou voltar a mim, preciso só de uns momentos.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Há dias #1

Há dias que o tom precisa de ser mais sério. Há dias que tudo nos tira o sono. Há dias que de tanto cansaço, mais mental do que físico, parece que só existe sono. Há dias que parece que não temos mais nada a dar sem ser a apatia. Há dias em que parece que só temos gritos para dar. Há dias que parece que só temos lágrimas.

Quando era nova, praí com uns 13/14 anos, a professor perguntou-nos o que era mais importante na vida. Respondi a saúde, fui a única da turma. Cheguei chocada a casa e disse isso à minha mãe, a minha mãe sorriu e disse: são uns sortudos os teus colegas.

Fui sortuda, o meu pai sobreviveu ao cancro há 20 anos atrás. Diz que anda a viver com tempo emprestado há 20 anos.

Há dois meses isso mudou... Há dois meses um novo diagnostico. Há dias em que isso me consome, há dias em que lido bem com tudo, há dias em que sinto que só quero falar disso, há dias em que não quero falar, há dias em que quero falar de tudo menos disso.

Foda-se há dias...

Vou precisar de uma rubrica "Há dias".. tenham paciência