quarta-feira, 5 de setembro de 2018

E aconteceu...

Sabia que ia acontecer, era certo, tão certo como raras coisas são nessa vida de incerteza. Sofri e chorei tanto na antecipação do dia, o que na verdade não aliviou em nada o dia. Sinto que preciso de falar sobre isso e ao mesmo tempo tentar verbalizar tudo torna-o ainda mais real, o que parece que não ajuda, mesmo com a certeza que a dor nunca deixou de ser real.

Não quero recordar o pesadelo dos teus últimos dias, não quero recordar o final dos teus dias, dos nossos dias. Quero relembrar os sorrisos, o amor, a vida, a personalidade, o sentido de humor, quero recordar sem dor. 

Quero parar de chorar a perda e as saudades e ao mesmo tempo angustia-me que te esqueça. Acho impossível esquecer-te, mas às vezes, só às vezes, passam minutos que não me lembro que não estás. Às vezes deito-me na cama e esqueço-me que não estás na tua. Já te vi várias vezes, e quando me lembro que já não é possível, é como se me estivessem a arrancar órgãos. Dizem que a dor passa e ficam só as saudades, informo que tenho os dois.

Se calhar, daqui a dias, consigo passar para aqui o tranbulhão de sentimentos que para aqui vai. Se calhar escrevo só sobre os nossos dias bons, se calhar vou precisar de contar os maus. Não sei. Se calhar se contar o inferno que passamos naqueles dias as pessoas percebem o porquê da necessidade da eutanásia/suicídio assistido ser legal.

Hoje apenas sei que, passado um mês que partiste, não há um dia que não me lembre de ti meu querido pai e a puta da falta que me fazes.




terça-feira, 26 de junho de 2018

Tentei ir às compras

Tentei, mesmo a sério, ir aos saldos comprar uns trapinhos. Cheguei à brilhante conclusão que encontro facilmente roupa para ir ao próximo woodstock, mas para ir trabalhar nada...

Travar, Libertar e Exigir

Nunca fui pessoa de pensar em casar, na realidade nunca quis casar. Nunca sonhei com o meu casamento, com um vestido de noiva, com nada disso. Quem me conhece bem sabe disso, o conceito de "um para sempre" sempre me causou transtorno, confusão e para ser sincera uma certa agonia.
Tive, como a maior parte das pessoas, aquelas relações que nos fazem desacreditar no amor. Aquelas relações que magoam, sufocam, desiludem e por aí fora.

Como também nunca sonhei com uma relação para sempre, vivia muito bem sem ela. Sempre fui independente e bem rodeada de amigos/colegas/conhecidos e tudo mais. Tinha, e tenho, as minhas pessoas.

Lembro-me de há muitos anos atrás conhecer um rapaz, simpático, inteligente e bem parecido. Tomamos uns cafés, trocamos uns telefonemas e mensagens naquela fase de reconhecimento de terreno. Antes de nada acontecer entre nós, encontramo-nos uma noite num concerto, e aí conheci-o naquele ambiente mais boémio. Havia uma rapariga, minha conhecida, que engraçou muito com ele, fez as suas investidas, ele não fez nada e o meu problema foi exactamente esse. Não se atirou à rapariga, mas também não lhe meteu travão. Afastei-me. 

Este rapaz no dia seguinte convidou-me para café, fui para lhe explicar que aquela dança que estávamos a fazer acabava ali. Mostrou-se espantado e perguntou:

-Porquê, estamos a dar-nos tão bem  - dizia ele. 
- Porque já namorei contigo e não gostei.
- Estás a confundir-me com alguém, nós nunca namoramos!
- Não, estou a reconhecer alguém em ti e desculpa mas não é para mim.

Neste dia, sem saber, libertei-me da merda! Libertei-me do "Talvez muda", "Ele lança charme, mas na verdade é de mim que gosta", "Ele a mim não vai fazer isso". Libertei-me. Tornei-me mais exigente no que queria para mim, porque estava bem comigo, porque não ia fazer lugar para alguém ao meu lado se não fosse qualquer coisa de espectacular, não queria um mais ou menos. Libertei-me.

Uns meses depois, comecei a namorar o meu marido, mas esta história pode ficar para outro post.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Pinoquio

O gajo almoça no trabalho, tendo em conta o tempo para almoço e a distância a casa. Quinta-feira à noite, estava num momento de boa disposição, e fiz feijão (apesar de detestar feijão) para o menino levar para o almoço na sexta-feira. Ele fez uma festa, tão contente, com o meu lindo gesto de amor.

No dia seguinte, quando me levantei já ele tinha saído para ir trabalhar, reparei que em cima da mesa da cozinha estava a lancheira dele esquecida. Depois do almoço mandei SMS:

- Gostaste do feijão?
- Gostei, estava optimo! Obrigada ;)
- Mentiroso. Ele está em cima da mesa da cozinha.
- Merda, apanhas-me sempre né?

Vivo com um pinóquio.

terça-feira, 19 de junho de 2018

Objectivo de vida

Descomplicar. Simplificar. Sossegar o cérebro. Parar de preocupar com 50 cenários hipotéticos que nunca chegam a acontecer.

Descomplicar. Simplificar. Sossegar. Objectivo para hoje.





segunda-feira, 18 de junho de 2018

Coisas que descobri com a idade

- Nem todas as pessoas vão gostar e mim, e não faz mal.

- A vida é curta demais para grandes fretes e obrigações sociais.

- Após diminuir drasticamente o número de amigos, os que ficaram são amizades possivelmente para a vida, são amizades mesmo a sério.

- Beber álcool rasca dá uma ressaca gigantesca.

- Os cabelos brancos vieram para ficar, mas não faz mal, podem-se pintar ou não.

- Não é preciso atender sempre o telemóvel.

- As paisagens são para ser sentidas e não vistas.

- Um amigo e um copo ajudam a curar quase tudo.

- Nem sempre temos paciência para estar com pessoas/amigos/familiares, às vezes que o cansaço pede mesmo um serão de sofá, e isso também não faz mal.

- A ressaca pode durar mais do que dia.

- Posso continuar vaidosa, mas preferir conforto ao estilo.